Doutor em Letras pela Universidade de São Paulo (USP). Desenvolve atividades acadêmicas sob os paradigmas dos estudos de interface entre gênero, sexualidade e linguagem, dos estudos críticos do discurso e da linguística aplicada ao ensino-aprendizagem de língua portuguesa como idioma materno. Atualmente, é professor da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), onde leciona Linguística e Língua Portuguesa em cursos de graduação e pós-graduação. Nesta mesma universidade, coordena o Núcleo de Estudos Queer e Decoloniais (NuQueer). Também é professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), credenciado ao Programa de Pós-Graduação em Letras, onde ensina Análise Crítica do Discurso. É membro da Associação Brasileira de Linguística, na qual dirige a Comissão de Diversidade, Inclusão e Igualdade. Integra ainda a Rede Discurso e Gênero – Violência e Resistência, da Associação de Estudos sobre Discurso e Sociedade (EDiSo). É diretor de formação política da Associação dos Docentes da Universidade Federal Rural de Pernambuco (ADUFERPE). Atua como assessor adjunto de políticas queer da Aliança Nacional LGBTI. E-mail: iranmelo@hotmail.com / iranmeloufrpe@gmail.com iran.melo@ufrpe.br

Lattes: https://lattes.cnpq.br/4517549119922498

E-mail: iranmelo@hotmail.com 

Interesses de pesquisa: Gênero, sexualidade, teoria queer, linguagem inclusiva de gênero.

Linhas de Pesquisa: 

  1. Linguística – Estudos textuais e discursivos de práticas sociais
  2. Linguística – Análise de práticas de linguagem no campo da educação em Línguas e Literatura

Grupos de Pesquisa de que participa: 

  1. Líder: Núcleo de Estudos Queer e Decoloniais (http://dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/237000). Instagram: @nuqueerufrpe / E-mail: ufrpenuqueer@gmail.com / Whatsapp: (81) 9.9969-6886

Publicações Recentes: 

Projeto de Pesquisa:

Deixe a minha língua lamber o que quiser. Linguagem disruptiva de gênero no Brasil

(2021 – atual)

Descrição: Esta pesquisa se ocupa de investigar evocações de linguagem disruptiva de gênero na língua portuguesa do Brasil, que são manifestações anti-heteronormativas para designação e tratamento de pessoas, por meio de (1) disrupção formal de enunciação binária de gênero – marcações desinenciais não-convencionais, como o feminino disruptivo não-individual (sujeita, quilomba, atriz social, corpa…) – ou de enunciação não-binária de gênero – marcações desinenciais não-convencionais das novas engenharias morfossintáticas (usos como tod@s, todxs, todes, tod_s; dos chamados sistemas ilu e elu, entre outros); e de (2) disrupção não-formal, pelo feminino genérico e pelo simulacro discursivo (a exemplo da ressignificação de termos como ‘bixa’, ‘sapatão’, ‘vadia’ e ‘queer’). Este trabalho encontra abrigo praxeológico em Araújo (2019), Miskolci (2015), Schwindt (2020), Butler (2003), dentre outros estudos. Meus objetivos são identificar manifestações recorrentes de linguagem disruptiva de gênero na língua portuguesa do Brasil, compreender como essas manifestações respondem às demandas de indivíduos dissidentes de gênero e como elas são absorvidas pelo currículo escolar. Tomo como hipóteses para o primeiro objetivo as seguintes possibilidades: (1) há múltiplas expressões de linguagem disruptiva, em diferentes níveis da língua, atravessadas por fatores dialetais e socioletais; (2) todas essas expressões são passíveis de inteligibilidade dentro de ordens de discurso específicas que, em menor ou maior grau, alteram práticas discursivas convencionais. Para o segundo objetivo, hipotetiso que: (1) a análise da linguagem disruptiva revela alto grau de reflexividade por parte de seus e suas falantes e esta reflexividade carrega uma agência de enunciação sem abdicar do reconhecimento de certa precariedade dos corpos dos sujeitos para poderem se afirmar, isto é, não se trata de um movimento de passagem da vulnerabilidade para o orgulho, mas de uma ação do discurso que engendra a autoafirmação pela via da experiência de uma assunção da vulnerabilidade; (2) esse movimento só ganha reconhecimento por meio do exercício de aliança, isto é, num trabalho de performatividade das assembleias; (3) o impacto desses modos de uso da linguagem opera muito mais no campo pragmático do que no semântico, não nos permitindo falar de uma dimensão máxima de ressemantização nesses casos, pois seu efeito recai mais na produção de novas relações entre os sujeitos do que de novos significados. Já para o terceiro objetivo, tomo como hipótese o apagamento curricular de uma didatização afirmativa sobre os modos disruptivos de gênero, além de uma pedagogia de silenciamento desses modos e, consequentemente, das identidades que os pleiteiam. As perguntas-condutoras desta pesquisa são três: (1) Quais os modos recorrentes de linguagem disruptiva de gênero na língua portuguesa do Brasil? (2) Como essas manifestações discursivas respondem às demandas de indivíduos dissidentes de gênero? (3) Como a escola apresenta esses modos de disrupção? Para a metodologia que cumprirá o primeiro objetivo, haverá duas fases. (1) Produção de uma cartografia de usos, defesas e análises de manifestações da linguagem disruptiva de gênero no nosso país em espaços discursivos como: publicações nas redes sociais digitais, plataformas de vídeo e blogs; textos acadêmicos; entrevistas publicadas com artivistas da dissidência de gênero de todas as regiões do país; registros de falas públicas, debates e conversas em eventos sobre linguagem e disrupção de gênero; grupos de discussão de atividades formativas; guias de orientação para linguagem inclusiva em diferentes instituições do Brasil; canções populares, peças de teatro, textos literários e filmes de artistas que tematizam a disrupção de gênero nos seus trabalhos; depoimentos de pessoas trans que fazem uso da linguagem disruptiva. (2) Produção de um panorama catalográfico que possibilitará categorizações que associarão o discurso das manifestações disruptivas de gênero a mecanismos específicos da gramática do português brasileiro (ex.: ‘Menine’ – modelo não-binário – marcado morfologicamente (-e) na desinência de gênero). Quanto à metodologia do segundo objetivo, seguiremos os seguintes passos: entrevista a pessoas dissidentes de gênero e integração a grupos focais (informais – como rodas e bate-papos – e formais – como colóquios e simpósios) sobre dissidência de gênero e linguagem. Para o terceiro objetivo, projeto a inserção de atividades formativas e de escuta em escolas, análise de documentos curriculares que orientam o trabalho escolar (como projetos político-pedagógicos) e parametrizam redes de ensino (como planos de educação em diferentes níveis político-administrativos). A metodologia aplicada para o terceiro objetivo será concomitante ao processo metodológico utilizado pelos dois outros, sendo este sequencial em duas fases do trabalho e aquele diluído em todo o tempo da pesquisa. Em outras palavras, as fases da pesquisa serão divididas em quatro e mistas do ponto de vista metodológico, sempre com leitura, coleta, descrição e interpretação ao mesmo tempo. Elas serão compostas pela seguinte cronologia: anos 01 e 02 – cumprimento do primeiro objetivo –, anos 03 e 04 – cumprimento do segundo objetivo – e, em todos os quatro anos, a realização do terceiro objetivo. O trabalho será em todo o tempo dialogado não apenas com as leituras das referências mencionadas, mas também com interlocuções feitas com pessoas dissidentes de gênero, que colaborarão com a pesquisa em leituras abertas do processo por meio de um programa de podcast que trará essas pessoas como participantes de conversas públicas sobre o assunto. Procederei ainda à leitura atenta de textos sobre estudos gramaticais da língua portuguesa no Brasil, de abordagens tanto descritivo-normativas quanto apenas descritivas, a exemplo de Bechara (1999), Perini (2010) e Bagno (2011). A cada ano da pesquisa, haverá um evento (seminário, curso, oficina…) que socializará os diferentes achados do estudo e, ao longo do tempo, o trabalho será divulgado por distintos meios (revistas científicas, livros, eventos científicos, aulas, programas de podcast, lives…). A cada seis meses, a pesquisa gerará um relatório que terá leitura sensível de pessoas dissidentes de gênero (sobretudo trans não-binárias) de diferentes idades, regiões, performances e racialidades. Espero que este estudo exploratório possa contribuir não apenas para investigarmos usos do português brasileiro e analisarmos discursos agenciadores de novas performances de gênero, mas também colabore para a desconstrução de violências históricas aos corpos que escapam às normas de gênero.

Coordenação: Iran Ferreira de MeloFinanciamento: sem financiamento.

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